quarta-feira, 16 de maio de 2012

Tempo não é dinheiro, é vida!

Todos pensam no tempo como algo para o trabalho, necessário para "ganhar a vida", pois há 400 anos foi adotada a fórmula de que "Tempo é dinheiro", e instituiu-se um modo de vida moldado na troca do tempo dedicado ao emprego ou à realização de algo por dinheiro. 
A divisão do trabalho e a apropriação social do seu resultado girando em torno do emprego levam a aquilo que Marx chamou de "alienação do trabalho": os três conceitos se confundem. Tempo, trabalho e dinheiro parecem ser três aspectos de uma mesma realidade. 
O tempo do trabalho é visto como o tempo que se vende, e não parte da vida livre, e o trabalho é visto como um encargo necessário, não uma contribuição espontânea ou algo que acrescente alguma coisa, uma atitude que mude alguma coisa. 

Em que isso difere? 

Tempo, dinheiro e trabalho são conceitos distintos. Tempo é vida, dinheiro é reserva de valor ou meio de troca e o trabalho é esforço para gerar valor. As ações se dão no tempo, mas não pode ser remuneradas em dinheiro porque sua maior recompensa é o próprio valor que geram. 
Alienação do trabalho é pensar que sua finalidade é destinada apenas à remuneração do esforço, e não à geração de valor. A utilidade social da pessoa é seu maior valor e o dinheiro é uma expressão deste valor acumulado, um reconhecimento. 
A expressão "Tempo é dinheiro" dramatiza a importância do tempo. 
"Não desperdice tempo - você está desperdiçando dinheiro!" 
Somos ensinados a dar mais valor ao que recebemos do que ao tempo que dedicamos a executar tais ações. A criança que brinca é mandada para a escola para aprender uma profissão para depois conseguir um emprego, ganhar dinheiro e com ele poder, enfim, brincar... 
Cultua-se o mito do ócio como ideal de vida, mas o trabalho é o caminho para atingi-lo. Trabalha-se durante a semana para viver o fim de semana. Trabalha-se um ano para gozar a vida nas férias . Depois de "ganhar a vida" vendendo horas de seu trabalho, o empregado visualiza a aposentadoria como um éden de ócio, sem nada para fazer. 
Grande engano é pensar que o tempo é uma coisa, algo que se possa ter ou que falte... Viver é fazer escolhas e, portanto, administrar o tempo é eleger prioridades. Escolher algo implica abrir mão de outras opções. Se esta escolha for consciente e responsável, o valor de tudo aquilo de que se abre mão se transfere para aquilo que se escolheu fazer. É um ato de potência, de transferência de valor. Errado é fazer algo lamentando o que se deixa de fazer... 
Tempo não é dinheiro – conseguir dinheiro é que é uma questão de tempo. Tempo é vida. E o valor da vida não tem preço! 
Meu tempo é minha vida. Administrar bem o tempo é viver bem, é qualidade de vida. 
De fato, todo o tempo da vida é um tempo livre cujo sentido, significado e finalidade são dados pela própria pessoa. Não se trata apenas de "matar o tempo" com o ócio, mas de fazer algo que responda às necessidade de realização. 
A vida livre é mais rica justamente no trabalho. Não no trabalho alienado em que se troca o tempo pelo dinheiro, mas no trabalho que dá sentido, que enobrece a alma e gratifica, que desenvolve potencialidades e estabelece vínculos afetivos. 


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