Todos
pensam no tempo como algo para o trabalho, necessário para "ganhar a
vida", pois há 400 anos foi adotada a fórmula de que "Tempo é
dinheiro", e instituiu-se um modo de vida moldado na troca do tempo
dedicado ao emprego ou à realização de algo por dinheiro.
A divisão do trabalho
e a apropriação social do seu resultado girando em torno do emprego levam a
aquilo que Marx chamou de "alienação do trabalho": os três conceitos
se confundem. Tempo, trabalho e dinheiro parecem ser três aspectos de uma mesma
realidade.
O tempo do trabalho é
visto como o tempo que se vende, e não parte da vida livre, e o trabalho é
visto como um encargo necessário, não uma contribuição espontânea ou algo que
acrescente alguma coisa, uma atitude que mude alguma coisa.
Em que isso
difere?
Tempo, dinheiro e
trabalho são conceitos distintos. Tempo é vida, dinheiro é reserva de valor ou
meio de troca e o trabalho é esforço para gerar valor. As ações se dão no
tempo, mas não pode ser remuneradas em dinheiro porque sua maior recompensa é o
próprio valor que geram.
Alienação do trabalho
é pensar que sua finalidade é destinada apenas à remuneração do esforço, e não
à geração de valor. A utilidade social da pessoa é seu maior valor e o dinheiro
é uma expressão deste valor acumulado, um reconhecimento.
A expressão
"Tempo é dinheiro" dramatiza a importância do tempo.
"Não desperdice
tempo - você está desperdiçando dinheiro!"
Somos ensinados a dar
mais valor ao que recebemos do que ao tempo que dedicamos a executar tais
ações. A criança que brinca é mandada para a escola para aprender uma profissão
para depois conseguir um emprego, ganhar dinheiro e com ele poder, enfim,
brincar...
Cultua-se o mito do
ócio como ideal de vida, mas o trabalho é o caminho para atingi-lo. Trabalha-se
durante a semana para viver o fim de semana. Trabalha-se um ano para gozar a
vida nas férias . Depois de "ganhar a vida" vendendo horas de seu
trabalho, o empregado visualiza a aposentadoria como um éden de ócio, sem nada para
fazer.
Grande engano é
pensar que o tempo é uma coisa, algo que se possa ter ou que falte... Viver é
fazer escolhas e, portanto, administrar o tempo é eleger prioridades. Escolher
algo implica abrir mão de outras opções. Se esta escolha for consciente e
responsável, o valor de tudo aquilo de que se abre mão se transfere para aquilo
que se escolheu fazer. É um ato de potência, de transferência de valor. Errado
é fazer algo lamentando o que se deixa de fazer...
Tempo não é dinheiro
– conseguir dinheiro é que é uma questão de tempo. Tempo é vida. E o valor da
vida não tem preço!
Meu tempo é minha
vida. Administrar bem o tempo é viver bem, é qualidade de vida.
De fato, todo o tempo
da vida é um tempo livre cujo sentido, significado e finalidade são dados pela
própria pessoa. Não se trata apenas de "matar o tempo" com o ócio,
mas de fazer algo que responda às necessidade de realização.
A vida livre é mais
rica justamente no trabalho. Não no trabalho alienado em que se troca o tempo
pelo dinheiro, mas no trabalho que dá sentido, que enobrece a alma e gratifica,
que desenvolve potencialidades e estabelece vínculos afetivos.
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