O
Eduardo era um cara muito dedicado ao trabalho, para não dizer workaholic.
Fumava um pouco, bebia um pouco, mas gostava mesmo era de trabalhar. Começava
cedo e terminava tarde. Às vezes, ia até o escritório aos sábados, ou levava
para casa algumas pendências da semana. O Eduardo era uma pessoa que não tinha
tempo para nada, afinal, o trabalho consumia a maior parte de seu dia, sendo o
resto do tempo gasto com necessidades físicas como comer, beber e, às vezes,
dormir...
Certa vez, decidiu
melhorar sua qualidade de vida, e começou a jogar bola aos domingos, pois aos
sábados, como disse, tinha de trabalhar. Em um destes domingos de futebol,
passaram a bola para o Eduardo, e ele, como se fosse um menino, avançou com ela
em direção ao gol, até que subitamente, sentiu uma dor profunda no peito, caiu,
e jamais acordou outra vez. Esta é uma história real, e é semelhante também à história
de muitos profissionais atualmente.
As pessoas, como o
Eduardo, acreditam que qualidade de vida significa separar umas horas no fim de
semana para fazer exercícios e se divertirem. É o mesmo que encher um balão
soprando cinco vezes com muito esforço e dando uma pausa para adquirir novo
fôlego. No final, após soprar ininterruptamente, o balão estoura, apesar das
pausas para descanso.
Qualidade de vida é a
busca permanente do equilíbrio entre os diversos papéis e atividades que
desempenhamos diariamente. Se você é uma pessoa guiada pela agenda, você é
escravo do relógio. O relógio é apenas um indicador de tempo, não um indicador
de prioridades. Sugiro que você preste mais atenção à bússola. Uma bússola é
composta por uma agulha magnética na horizontal suspensa pelo centro de
gravidade, e aponta sempre para o norte. Por quê então prestar atenção a
bússola? Porque ela direciona seu caminho.
Quando estabelecemos
nossas prioridades, estabelecemos um norte, um caminho, um objetivo. A bússola
é isto. Ela aponta o norte e você sabe para onde deve ir guiado pelas
prioridades estabelecidas anteriormente. A busca pela qualidade de vida vai
exigir de você mais determinação e disciplina que qualquer outra escolha.
Quando você se deixa levar pelo relógio, você se condiciona a viver o urgente,
que não significa, necessariamente, que seja o importante.
Voltemos ao Eduardo.
Se o Eduardo tivesse usado a bússola, ele teria descoberto que uma de suas
prioridades na vida seria sua saúde. Ele jogaria futebol e faria caminhadas
regulares. Outra prioridade seria conviver com sua filha. Se programaria para
levá-la a escola pelo menos três vezes por semana e brincaria com ela aos
sábados. Uma outra prioridade seria de ordem espiritual, envolvendo-se em
alguma atividade beneficente. Enfim, o Eduardo seria conduzido pela bússola,
mas através do equilíbrio de seus papéis.
O que causou a morte
de Eduardo não foi jogar bola aos domingos! O que matou Eduardo foi o
desequilíbrio entre seus diversos papéis e atividades diárias. Ele se deixou
conduzir pela agenda das tarefas de um papel só: o de profissional. Eduardo
soprou o balão com muita força, e apesar de dar uma pausa jogando bola aos
domingos, o balão acabou estourando, deixando para trás sua mesa na empresa que
foi rapidamente ocupada por outro profissional.
Porém, em casa, no
clube, e na comunidade onde vivia, deixou um rastro de vazio, vazio este que
jamais será preenchido por outra pessoa. O Eduardo é único, como você é único.
Responda agora. Se
você tivesse seis meses de vida, que atividade você enfatizaria menos hoje? Sua
resposta é um ponto de partida para começar a mudar
Nenhum comentário:
Postar um comentário