quinta-feira, 17 de maio de 2012

TEMPO E QUALIDADE DE VIDA

O Eduardo era um cara muito dedicado ao trabalho, para não dizer workaholic. Fumava um pouco, bebia um pouco, mas gostava mesmo era de trabalhar. Começava cedo e terminava tarde. Às vezes, ia até o escritório aos sábados, ou levava para casa algumas pendências da semana. O Eduardo era uma pessoa que não tinha tempo para nada, afinal, o trabalho consumia a maior parte de seu dia, sendo o resto do tempo gasto com necessidades físicas como comer, beber e, às vezes, dormir...

Certa vez, decidiu melhorar sua qualidade de vida, e começou a jogar bola aos domingos, pois aos sábados, como disse, tinha de trabalhar. Em um destes domingos de futebol, passaram a bola para o Eduardo, e ele, como se fosse um menino, avançou com ela em direção ao gol, até que subitamente, sentiu uma dor profunda no peito, caiu, e jamais acordou outra vez. Esta é uma história real, e é semelhante também à história de muitos profissionais atualmente. 

As pessoas, como o Eduardo, acreditam que qualidade de vida significa separar umas horas no fim de semana para fazer exercícios e se divertirem. É o mesmo que encher um balão soprando cinco vezes com muito esforço e dando uma pausa para adquirir novo fôlego. No final, após soprar ininterruptamente, o balão estoura, apesar das pausas para descanso.

Qualidade de vida é a busca permanente do equilíbrio entre os diversos papéis e atividades que desempenhamos diariamente. Se você é uma pessoa guiada pela agenda, você é escravo do relógio. O relógio é apenas um indicador de tempo, não um indicador de prioridades. Sugiro que você preste mais atenção à bússola. Uma bússola é composta por uma agulha magnética na horizontal suspensa pelo centro de gravidade, e aponta sempre para o norte. Por quê então prestar atenção a bússola? Porque ela direciona seu caminho.

Quando estabelecemos nossas prioridades, estabelecemos um norte, um caminho, um objetivo. A bússola é isto. Ela aponta o norte e você sabe para onde deve ir guiado pelas prioridades estabelecidas anteriormente. A busca pela qualidade de vida vai exigir de você mais determinação e disciplina que qualquer outra escolha. Quando você se deixa levar pelo relógio, você se condiciona a viver o urgente, que não significa, necessariamente, que seja o importante.

Voltemos ao Eduardo. Se o Eduardo tivesse usado a bússola, ele teria descoberto que uma de suas prioridades na vida seria sua saúde. Ele jogaria futebol e faria caminhadas regulares. Outra prioridade seria conviver com sua filha. Se programaria para levá-la a escola pelo menos três vezes por semana e brincaria com ela aos sábados. Uma outra prioridade seria de ordem espiritual, envolvendo-se em alguma atividade beneficente. Enfim, o Eduardo seria conduzido pela bússola, mas através do equilíbrio de seus papéis.

O que causou a morte de Eduardo não foi jogar bola aos domingos! O que matou Eduardo foi o desequilíbrio entre seus diversos papéis e atividades diárias. Ele se deixou conduzir pela agenda das tarefas de um papel só: o de profissional. Eduardo soprou o balão com muita força, e apesar de dar uma pausa jogando bola aos domingos, o balão acabou estourando, deixando para trás sua mesa na empresa que foi rapidamente ocupada por outro profissional.

Porém, em casa, no clube, e na comunidade onde vivia, deixou um rastro de vazio, vazio este que jamais será preenchido por outra pessoa. O Eduardo é único, como você é único.

Responda agora. Se você tivesse seis meses de vida, que atividade você enfatizaria menos hoje? Sua resposta é um ponto de partida para começar a mudar

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